Eram quatro búfalos muito amigos. Que nenhum bicho se metesse com eles! Verdade se diga que não havia quem se atravesse a desafiar os quatro possantes animais, aprestados com um equipamento de chifres de alto lá, com todo o respeito. Somados, valiam por oito lanças.
Sempre perto uns dos outros, os quatros búfalos pastavam na savana como se cada um fosse o vértice de um quadrado. Se fossem três formariam um triângulo. Se fossem dois uma linha com duas pontas. Se fosse um não formaria nenhuma figura geométrica. Seria apenas um corpo vagaroso, de costados largos, à mercê das garras e da dentuça de algum animal carniceiro.
Uma tentação, pensava, meneando a juba, o senhor leão, observando de um outeiro os quatro inseparáveis amigos.
Mas atacar um, à vista dos outros, era arriscar a vida. Cada chifre um golpe fundo, dos que, uma vez abertos, nunca mais fecham. E lá se dissiparia para nada o sangue precioso do senhor leão.
Ná. Nessa não caio eu, pensava ele. Tenho primeiro de apartá-los.
E o senhor leão urdiu um plano de caça, que começava por uma intrigalhice que nem condizia com a sua apregoada dignidade. Mas era tudo para afinar a pontaria, quando chegasse a altura
- Sabe que os quatro búfalos se desentenderam? Por terem troçado dos chifres tortos de um deles - contou o leão ao chacal. - Mas guarde segredo, por enquanto. Não espalhe.
Tratando-se do chacal, um desbocado, o aviso transformava-se em notícia, lançada aos quatro ventos.
Pouco depois, toda a selva estava ao corrente. Até os próprios búfalos.
- Então vocês estão de mal comigo? - perguntou um deles, já muito amuado, aos restantes colegas.
- O que me contaram foi que tu andas a rir-te dos meus chifres - ripostou um dos outros.
Entraram em discussão. E, estupidamente, acabaram mesmo por desentender-se. Foi cada qual para seu lado, muito ofendido com os parceiros.
Era o que o leão calculava. Estava o terreno aberto para Sua Majestade praticar o seu desporto favorito.
O leão foi-se a um e aniquilou-o
Foi-se ao seguinte e tal e qual.
Não merece a pena prosseguir. Contem até quatro.
O resto dos despojos, que o leão já não quis, foram para o chacal.
Autor: António Torrado
in http://kids.sapo.pt/historia/01/28
Sempre perto uns dos outros, os quatros búfalos pastavam na savana como se cada um fosse o vértice de um quadrado. Se fossem três formariam um triângulo. Se fossem dois uma linha com duas pontas. Se fosse um não formaria nenhuma figura geométrica. Seria apenas um corpo vagaroso, de costados largos, à mercê das garras e da dentuça de algum animal carniceiro.
Uma tentação, pensava, meneando a juba, o senhor leão, observando de um outeiro os quatro inseparáveis amigos.
Mas atacar um, à vista dos outros, era arriscar a vida. Cada chifre um golpe fundo, dos que, uma vez abertos, nunca mais fecham. E lá se dissiparia para nada o sangue precioso do senhor leão.
Ná. Nessa não caio eu, pensava ele. Tenho primeiro de apartá-los.
E o senhor leão urdiu um plano de caça, que começava por uma intrigalhice que nem condizia com a sua apregoada dignidade. Mas era tudo para afinar a pontaria, quando chegasse a altura
- Sabe que os quatro búfalos se desentenderam? Por terem troçado dos chifres tortos de um deles - contou o leão ao chacal. - Mas guarde segredo, por enquanto. Não espalhe.
Tratando-se do chacal, um desbocado, o aviso transformava-se em notícia, lançada aos quatro ventos.
Pouco depois, toda a selva estava ao corrente. Até os próprios búfalos.
- Então vocês estão de mal comigo? - perguntou um deles, já muito amuado, aos restantes colegas.
- O que me contaram foi que tu andas a rir-te dos meus chifres - ripostou um dos outros.
Entraram em discussão. E, estupidamente, acabaram mesmo por desentender-se. Foi cada qual para seu lado, muito ofendido com os parceiros.
Era o que o leão calculava. Estava o terreno aberto para Sua Majestade praticar o seu desporto favorito.
O leão foi-se a um e aniquilou-o
Foi-se ao seguinte e tal e qual.
Não merece a pena prosseguir. Contem até quatro.
O resto dos despojos, que o leão já não quis, foram para o chacal.
Autor: António Torrado
in http://kids.sapo.pt/historia/01/28
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